sábado, 23 de julho de 2011

HONESTINO GUIMARÃES

HONESTINO GUIMARÃES
Daniel Faria
Triste o país que precisa de heróis” (Bertolt Brecht)
Honestino Guimarães é um dos símbolos recentes na história política brasileira. (…) Mas o passado de que Honestino faz parte não é o passado adormecido dos relógios e das enciclopédias; é um passado que sentimos em nossa carne, um passado que nos inquieta, um passado presente. Honestino caçado, Honestino desaparecido. Mas também Honestino solidário, lutador, idealista.
Por isso sua figura nos assombra, um líder estudantil cujas únicas armas eram as palavras, no discurso, nas pichações. Mais um líder assassinado. Por que ele não fugiu? Por que a ditadura foi tão cruel com um estudante comum?
(…) Honestino foi um exemplo de persistência, de amor ao Brasil e de amor à liberdade. A ditadura queria matar o exemplo, mas ainda hoje o nome de Honestino é símbolo de luta e resistência – não uma mensagem de morte e derrota, mas de vida e coragem. Não pensemos em Honestino como quem pensa em um mártir ou herói. Pensemos em um estudante apaixonado, movido por causas que ainda nos comovem: justiça social, paz e liberdade. Honestino, vivo por seu exemplo de amor à vida, é a prova de que estas palavras não são vazias. Se hoje a moda é a descrença, o imediatismo, (…)a vida grita mais alto, a utopia grita mais alto. Por isso Honestino assombra, inquieta – e convida.
Honestino é presente, não apenas porque seu nome está escrito em paredes e papéis, mas porque sua luta nos convida à luta, porque seu sonho nos convida ao sonho. Honestino não é um herói – só os tiranos precisam de heróis. Honestino, jovem brasileiro e nada mais. Viveu, sonhou, lutou, sonhos e lutas ainda vivos. Honestino plantando ventanias: ânsia de tempestades.

Biografia

Honestino Monteiro Guimarães nasceu no dia 28 de março de 1947 em Itaberaí, pequena cidade de Goiás. Sua infância foi igual à de muitos outros garotos do interior do Brasil, mas desde muito pequeno revelou uma inteligência incomum e paixão pelos estudos e pela leitura. Entre brincadeiras, livros e castigos das professoras, o menino levado e estudioso crescia sob o olhar atento de seus pais. Convivia com muitas primas e primos, fazia piqueniques à beira do rio, nadava e jogava futebol com garotos de sua idade. Em 1960 a família mudou-se para Brasília, atraída pelas oportunidades que a nova capital oferecia. Moraram na W3 Sul e depois na superquadra 405/406 Norte. Honestino, adolescente, era fanático por leitura e namorador. Terminou o curso ginasial e começou o científico no Centro de Ensino Médio (Elefante Branco). Em 1964 transferiu-se para o Centro Integrado de Ensino Médio (CIEM), experiência pedagógica inovadora em Brasília. Nessa época já participava da política estudantil e ingressou na Ação Popular (AP), organização política clandestina de grande penetração no meio estudantil. Em 1965, antes de completar 18 anos, foi o primeiro colocado no vestibular, em toda a Universidade de Brasília. Na política estudantil, sua liderança logo se revelou. Era muito querido e respeitado pelos estudantes da UnB. Mas, devido a ações como pichar muros, participar de manifestações e distribuir panfletos contra o governo, vieram as prisões – a primeira em fevereiro de 1966, durante uma greve; em fevereiro de 1967 fazendo pichações; em abril de 1967, durante manifestação na Biblioteca Central da UnB. Em agosto de 1967, na prisão pela quarta vez, foi eleito presidente da Federação dos Estudantes Universitários de Brasília (FEUB). Por sua atuação no movimento estudantil, Honestino passou a ser muito perseguido pelos órgãos de repressão política. Seu pai teve de representá-lo por procuração para que ele pudesse casar com Isaura Botelho, militante estudantil. Em 29 agosto de 1968, vinte dias depois do casamento, a UnB foi invadida para que se cumprisse um mandado de prisão contra ele e outras lideranças estudantis.


http://honestinoguimaraes.com.br/

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